quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Praia

Amou daquela vez como se fosse o Chico,
Bento como cada parede da Igreja,
Sentou na areia quente como se fosse um Pássaro,
As ondas vinham como quem rasteja,

O vácuo livre, solto feito Sábado,
Parado como se fosse um Sol,
O horizonte tinha tom de Despedida,
E o Ciclo via a Vida.

Deitou na areia quente como quem rasteja,
Parado ali ficou como se fosse Bento,
O horizonte tinha tom de Vida,
E o Ciclo via a Despedida.

Ajoelhou na areia como se fosse Igreja,
Parado alí ficou como se fosse Sábado
As ondas vinham em tom de Boa Sorte,
E o Chico via a Morte.

Amou daquela vez como se fosse a Última,
E foi.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Final

Quando começar o fim,  quando o dentro de nós fica frio,
E a terra nos aquece e abraça, e o escuro não se torna hostil,
Quando a diversão não tem graça, e só a solidão lhe agrada
Tudo em volta já nem fala mais
Tudo em volta parece tão perto
Tão incerto o à frente e o atrás.
Tudo tão gélido. E tão morto.
Já não há mais certo, nem torto.
Tudo tão parado,  ausência de vida em liquidação,
Não sinto meus pés, pulso, artéria, coração.
É debaixo da terra, bem no fundo do tempo,
Onde o relógio não anda e nada tem movimento
E a paz tão pedida, de que todo mundo  almeja,
É oferecida lá em baixo, aos montes, de bandeja.
E o homem amarelo, o qual chega de repente,
Com um olhar bem singelo, paralelo encanta a gente.
Diz assim: Vem.. Vem.
E venta.
Vem a chuva pra molhar e faz a terra umedecer
Não diga que estamos morrendo... Eu tenho tanta coisa pra fazer!
Por favor, não!
Quero morrer num dia bom,
Conhecer o Monte Belo, algumas lojas em Bourbon
Street.
Quero morrer num dia clean, num dia azul,
Se for morrer que seja na América do Sul.
Quero viver pra ter dinheiro,
Poder comprar um Corolla,
Comprar um tênis maneiro, que tenha brilho, que tenha mola.
Pra que serviu todo esforço, por que é que entrei na escola?
Será que nesse lugar que vou alguém vende Coca-Cola?
Quero viver pra ter dinheiro,
Comprar um prédio inteiro. Quero poder.
Quero poder, quero poder mandar,
Nem que pra isso você passe fome,
 Da fama eu quero provar.
Quero poder, quero sair.
Quero comprar uma mansão
Pra que os meus filhos se matem pra dividir.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Manual do Poeta


Poeta algum fica rico, pois não escreve o que mais vende,
Apenas põe seus sentimentos afora,
E aflora a mente,
De maneira que ignora
O que move toda gente.
Não significa que não existam poetas ricos,
Há quem veio ao mundo rico e se dispôs a escrever.
O rico apenas não consegue entender
A fome,
E o poeta tem fome.
De arte.
O seu foco é em outro canto,
Em que quase ninguém vê,
Sua crença é em outro santo,
Em que quase ninguém crê,
Não existem poetas Católicos, Apostólicos, Eólicos e coisas do tipo,
Existem poetas Melancólicos, Hiperbólicos, Alcoólicos, palhaços de circo,
Como mito me antecipo pra criar um novo ciclo,
Me equipo, pego o maçarico,
Ascendo a vida no papel,
Apago a luz, sento-me à varanda e devagar eu fito o céu.
A vida é mais bonita no escuro, na prisão sem muro.
O caOs ama a escuridão.
Então, Tranco-me no beco mais distante
Onde a vida não me acha.
Me escondo no semblante de quem não pensa nada.
Revigoro o pensamento em silêncio, atitude recriada.
Pois é no embate do Eu com o Eu - lírico
Que encontramos com Deus.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Quem somos nós?

Somos a fruta que nasce do ócio,
Negócio que dá e não passa nunca,
Na nuca, no corpo inteiro nu,
Num instante, breve instante
Constante, uma dor sem cessar,
No ar, um mar de desespero.
Somos a monotonia que se repete o dia inteiro,
Dia a dia,
Que se reveza num ciclo de aqui e ali,
Somos obras do engenheiro,
Do Havaí, sem Sol
Somos cada canto do Hall,
O Canto do Rouxinol,
Somos doente e tylenol,
Segredo e Interpol,
Pipa e cerol,
Ovo e colesterol,
Todos só, em um só Dom,
Somos boca e batom,
Tom e semitom,
Sem ou com frisson
Somos Capão Redondo tru,
Também somos Pokémon.
Somos voz e violão, 

Todos só, em um só Lirismo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Rio

Deus guarda o sonho de todos os brasileiros,
Chega-se a hora de apagar a luz dos quartos,
A hora chega. Não nos sonhos, mas nas ruas.
O suor escorre do rosto do soldado que treme frio,
Pensando na morte, sua ou de outrem,
O cidadão deitado, sonha, não pensa na morte,
Ronca um ruido rude,
sem preocupação.
Foi no Rio, tanta pressa,
Calmaria...
E o batalhão enegrecido se mexe.
E sobe,
Por cada beco.
Rua.
Esquina.      Sombras deslizantes,
Algumas almas antigas alertavam,
Causando mal estar no dorminhoco.
Dando-lhe a sensação de que não estava só.
Deu-lhe sede, mas sonhava bem, graças a Deus, que o guardara. Em sonho.
O tempo então parou. De repente. Lá em cima.
(O Rio lá de baixo nem se importava com ele, sequer sabia que existira alguém lá em cima. Seguia a todo vapor.)
Despertou, apavorado com algo que destruiu a porta da cozinha.
(...) Milícia! -Polícia!! ( Foi então a ultima coisa que pensou/ouviu o cidadão)
Desde então, um estranho estrondo. Flash. Disparo,
Apagou (Como em M.I.B) toda sua capacidade,
De pensar,
Com seu corpo;
E de sonhar
(Com ou sem guarda de Deus)
Com sua alma.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Erro

Vil,
Digno de tropeços como um ser,
Humano.
Aliás, tropeços estes causadores de progresso,
Entre a esquerda e a direita nos perdemos.
Rodamos. De volta. Centro.
Estou certo! Errado. Certo! Errado.
E o erro e acerto já são um só.
São sombra e lua eclíptica. Manteiga e pão de forma.
Meço o caule da coragem,
que se envergou diante de tal decisão
Fazer com que as coisas andem,
saiam do papel.
Um erro que escondia o mais lindo acerto.
Nada existiria sem o erro.
Erro. Palavra chave da evolução,
digna do comitê da evolução.
Às vezes penso que tudo isso é um grande show,
de Truman, um só flash. Acaba. Fim.
Ansioso demais à espera do trem, que
passa e ceifa.                                           Vidas.

domingo, 2 de novembro de 2014

Poema Vivo

Eu queria ver, no escuro do mundo
Um momento, um flash, um segundo
Um mundo onde o novo pudesse ser novo,

Seu Cristo riu, Rio
Riu de novo, riu do povo,
Riu do jogo, do logo estampado na cara,
na capa de cada jornal, revista
Na vista da nova classe média,
Na vida da nova idade média,
Na mídia da novidade social,
Riu de seus salários de nojo,
Riu  do compasso em seu estojo,
Fingindo ser um bote salva vidas.
De seus discursos longos,
Dos seus gongos e gongos.
Senhoras e senhores,
Tens aqui o início da partida,
em contrapartida, se inicia o fim da vida,
ardida, tida para cada menino e para cada menina
A morte viva e a vida severina.